Da Terra a Marte: a Ascensão da Cerâmica

No domínio da indústria e da inovação, a busca por materiais que não sejam apenas eficientes, mas também sustentáveis, tem sido incansável.

Paisagem marciana – Imagem: ©ESA

Entre a miríade de concorrentes a disputar a atenção dos pesquisadores de materiais, a cerâmica surge como uma candidata formidável, totalmente adequada para revolucionar os esforços humanos de formas anteriormente inimagináveis. O fascínio da cerâmica reside na sua versatilidade, durabilidade e, modernamente, potencial para processos ecológicos de fabrico. Neste post, embarco numa breve especulação sobre ascensão inexorável da cerâmica e seu papel potencialmente fundamental na definição do futuro da indústria.

Argumento: o próximo grande passo na indústria será o uso intensivo de cerâmica

A cerâmica, outrora relegada ao domínio da olaria e das artes decorativas, sofreu uma metamorfose notável, emergindo como pedra angular da indústria moderna. Com suas propriedades inerentes, como alta resistência, estabilidade térmica, resistência à corrosão e isolamento elétrico, a cerâmica encontrou aplicações generalizadas em diversos setores, incluindo aeroespacial, automotivo, eletrônico, saúde e energia.

Um dos principais fatores que impulsionam a cerâmica para a vanguarda da inovação industrial é a sua capacidade de resistir a condições físicas inclementes. Ao contrário dos metais e polímeros, as cerâmicas oferecem uma combinação única de robustez mecânica e leveza, tornando-as candidatas ideais para aplicações onde a relação resistência/peso é fundamental. Além disso, suas excepcionais propriedades térmicas as tornam indispensáveis em ambientes de alta temperatura, desde componentes de motores a materiais refratários para fornos e fornalhas.

O advento de técnicas avançadas de fabricação, como a impressão 3D, alteram radicalmente a forma como a cerâmica é fabricada. Em um post recente [link] eu mostrei as pesquisas que estamos fazendo para a fabricação de peças diversas usando gelcasting de nano zirconia. Essa tecnologia transformadora usa moldes impressos em 3D e permite a criação de estruturas cerâmicas complexas com precisão e personalização sem precedentes, abrindo caminho para a realização de projetos complexos que antes seriam inatingíveis.

Além de suas proezas mecânicas, as cerâmicas possuem biocompatibilidade inata, tornando-as indispensáveis em aplicações biomédicas, como implantes, próteses e engenharia de tecidos. Sua capacidade de imitar as propriedades do osso natural a torna a escolha ideal para implantes, oferecendo aos pacientes uma solução durável e duradoura.

Nanocerâmica: indústria pioneira e vital nos assentamentos em Marte

À medida que a humanidade se volta para o cosmos, a perspectiva de colonizar corpos celestes distantes se torna cada vez mais real. Marte destaca-se como uma opção tentadora para a habitação humana no futuro de médio prazo, oferecendo uma combinação única de desafios e oportunidades. Na busca pela auto-suficiência e sustentabilidade no Planeta Vermelho, a cerâmica surge como um elemento óbvio, oferecendo uma solução viável para os inúmeros desafios colocados pela colonização extraterrestre.

As suspensões coloidais de nanocerâmica, como a que comentamos acima, caracterizadas por nanopartículas (< 50 nm) suspensas em um meio líquido, são imensamente promissoras para os assentamentos em Marte. Aproveitando as abundantes matérias-primas disponíveis na superfície marciana, como sílica e alumina, essas técnicas desenvolvidas pela engenharia química apresentam um meio econômico e sustentável de fabricação de componentes essenciais para infraestrutura e habitação.

Um dos atributos mais atraentes desse tipo de síntese cerâmica reside em seus baixos requisitos de energia, particularmente nos processos de gelcasting. Gelcasting, uma técnica versátil de formação de cerâmica, consiste na síntese de um gel cerâmico estável que pode ser moldado em formas complexas antes de passar por um processo de solidificação controlado. Este método não só conserva energia, mas também minimiza o desperdício de materiais, tornando-o altamente propício a ambientes com recursos limitados, como Marte.

Na técnica de formação cerâmica por gel, a suspensão é depositada em um molde feito em 3D para obter a peça ‘verde’ que será sinterizada. Na foto, o processo de gelcasting propriamente dito. Imagem: Triforma – CC-BY-SA-NC

As excepcionais propriedades mecânicas das cerâmicas também as tornam indispensáveis para a construção de habitats capazes de resistir às duras condições ambientais prevalecentes em Marte. Como barreira antirradiação ou como isolamento térmico, a cerâmica oferece uma solução robusta e durável para proteger os marcianos sem-atmosfera contra os rigores do espaço.

O resultado final do gelcasting é uma peça totalmente diferente das peças metálicas conhecidas, ainda com espaço para um pouco de estilo. Este é o hotend cerâmico — realmente pink — para impressão 3D, que lançaremos em breve, capaz de operar a 850 graus. Imagem: Triforma – CC-BY-SA-NC

Como demonstramos com exemplos modestos, a integração dos processos de gelcasting com a impressão 3D abre uma infinidade de possibilidades para a fabricação, no local, de componentes estruturais, ferramentas e equipamentos. Ao aproveitar o poder dessas técnicas de produção avançadas, os colonizadores de Marte podem reduzir a sua dependência das cadeias de abastecimento ligadas à Terra e acelerar o estabelecimento de colônias auto-sustentáveis.

Talvez, no futuro distante, essa primeira fase da história marciana venha a ser chamada “a Idade Marciana da Cerâmica.”

Inteligência Artificial com os Pés no Chão

Acabo de ler a coluna que Bruce Schneier e Nathan Sanders escrevem no NYTimes de hoje e é revigorante ver dois grandes luminares abordando as questões multifacetadas que cercam a IA.

Imagem de robôs atendentes
Imagem: pexels.com

No artigo eles destacam com a fluência de sempre os potenciais benefícios – lembrando-nos que a IA não envolve apenas robôs e assistentes de voz; é uma ferramenta de base que pode, de fato, impulsionar o progresso da humanidade. Contudo, a sua ênfase nos riscos sublinha uma preocupação premente. O desconforto em torno da presença da IA, do deslocamento dos empregos e das ameaças superinteligentes é palpável.

É claro que a evolução descontrolada da IA pode resultar em problemas não antecipados; nós não sabemos o quanto não sabemos. Como acontece com qualquer avanço tecnológico, existem riscos. Nossa missão enquanto tecnologistas profissionais deve ser permanecer atentos a eles com a cabeça fria, para garantir que todo o potencial positivo possível da IA seja aproveitado.

O clamor dos autores por regulamentação me parece oportuno. Como salientam, com razão, a tecnologia muitas vezes ultrapassa a regulamentação – eu diria que ela sempre ultrapassa. Mas legislar sobre IA é uma caminhada na corda bamba. Seja muito rigoroso e você vai sufocar o crescimento e a inovação; seja demasiado brando e você corre o risco de colher consequências desagradáveis.

Schneier e Sanders não chegam a se aprofundar em uma análise comparativa entre os modelos existentes em todo o mundo, estudando sucessos e fracassos. Ao todo, é uma leitura convincente que exige introspecção. Embora tenham iluminado o caminho a seguir, garantir a integração segura e eficaz da IA nos negócios humanos requer um esforço coletivo – os decisores políticos, os tecnólogos e o público em geral devem dar as mãos. Esse artigo é um passo crucial na promoção desse diálogo.

Pés no chão

Investi muitas horas ouvindo especialistas em IA e especialistas de outras áreas discutirem as implicações, benefícios e riscos. Ao longo dos últimos seis anos tenho lido, estudado sistematicamente, me graduado e me aprofundado. Tenho hoje experiência própria em IA, onde desenvolvo e lidero uma equipe na construção de soluções específicas de IA para várias categorias de processos – principalmente industriais, de otimização de energia e recentemente o agronegócio – em breve cownt.com.br :). Comentar AI é praticamente a razão da existência deste e outros blogs hoje – incluindo o blog de Schneier, que acompanho muito de perto.

Se tudo a respeito da IA se resumisse a isso, a Inteligência Artificial seria 95% bondade. Eu e outros empreendedores poderiamos continuar com nossos projetos sem maiores preocupações éticas.

Mas a tecnologia agora está abrindo uma série de caixas de Pandora e está em aceleração crescente. A minha opinião é que a) os riscos podem ser geridos, em teoria, mas b) é muito pouco provável que nós, humanos, consigamos fazê-lo. Mitigar os riscos óbvios requer colaboração, transparência, sabedoria, um eleitorado informado, funcionários e representantes governamentais competentes e contenção empresarial em todos os países.

Não só esses elementos basicos não estão disponíveis nos dias de hoje, mas, historicamente, nunca fomos capazes de cooperar a esta escala com algo que se aproximasse desta complexidade. Especialmente quando há dinheiro a ser ganho ou vantagens a serem obtidas para entidades individuais. Em vez disso, naturalmente espero que no caminho caiamos em algumas das armadilhas óbvias.

Eu adoraria estar errado, mas simplesmente não consigo imaginar a classe política contribuindo para medidas sensatas ou proporcionando uma supervisão sensata (exemplo A: as audiências do Facebook e do TikTok no EUA. Exemplo B: a total ausência de discussão desses assuntos no Brasil). A segurança da sociedade diante da disseminação da AI no momento está a depender apenas da responsabilidade individual dos empreendedores.

Pés na lama

A avaliação mais preocupante não vem dos futuristas, mas sim dos analistas da Goldman-Sachs, que projetam 300 milhões de empregos perdidos até 2030 nos EUA e na UE. Algo em torno de 42 milhões por ano. O relatório menciona novos empregos decorrentes do trabalho com IA, mas não diz quantos. Um número semelhante (um terço de todas as horas de trabalho automatizadas até 2030) provém dos analistas mais futuristas – e menos financeiros – do Instituto McKinsey.

Serão trabalhadores em empregos de colarinho branco, especialmente o que chamo de empregos de “camisa pólo”. A IA generativa pode, por exemplo, tornar os veículos autonomos definitivamente seguros para implantação em massa. Pode substituir muitos de nós que trabalhamos em help desks e no atendimento ao cliente.

Sim. Apertem os cintos para as maiores mudanças culturais e laborais desde a invenção da máquina a vapor. As tecnologias de mudança de paradigma surgidas no śeculo 18 e 19 representaram melhorias incrementais da capacidade humana. A IA, por sua vez, substitui completamente ou em parte, tudo o que fazemos no trabalho moderno.

Minha esperança? Dado esse nível de automatização, precisamos começar a pensar em tributar de maneira eficiente os proprietários das grandes plataformas de IA e proporcionar um rendimento garantido aos demais cidadãos. No momento não consigo ver alternativas realistas a isso se queremos evitar o colapso da ordem social.

Dez Ideias (não tão) Práticas para Romper Bolhas Culturais

… ao invés de apenas apontar dedos e procurar culpados. Este é um assunto muito extenso para ser abordado de forma eficaz aqui, mas alguns pontos principais podem ser discutidos:

Criança estourando bolhas de sabão.
Imagem: Pexels.com

1. É muito fácil ser derrotista ou fatalista. Não sou complacente com a seriedade do desafio de tirar a sociedade do marasmo, do beco sem saída filosófico em que nos metemos neste século – e, em particular, com a maneira como certas “ideias progressistas” foram incorporadas ao treinamento de professores e ao sistema educacional geral – mas existem paralelos históricos encorajadores quanto à possibilidade de rompimento de impasses culturais.

Na década de 1930, a década que assistiu ao fim da primeira fase do capitalismo, e com a qual alguns acadêmicos comparam nosso tempo, muitos estudantes e grupos jovens apoiaram o pacifismo ou o marxismo. Na década de 1960, seus sucessores abraçaram uma variedade de ideias políticas e sociais radicais. Em ambos os casos, seus pais ficaram horrorizados, mas o primeiro grupo veio a se tornar a “maior geração” e o segundo os liberais, embora auto-indulgentes, “boomers”. A sociedade ocidental historicamente progrediu ao enfrentar desafios e reagir de forma construtiva. É prematuro presumir que falharemos desta vez.

2. A reação à atual estagnação do pensamento ocidental parece estar ganhando força. A “janela de Overton” tem se expandido visivelmente. Pelos sinais ao redor, minha impressão é que nos últimos dezoito meses os maiores de 30 anos começaram acordar para o que está a acontecer. É menos claro para mim se houve tanto movimento entre os mais jovens.

3. Vejo como o desafio central a tarefa de persuadir a Geração Z – e especialmente os estudantes da Geração Z nas universidades de maior prestígio – a reconhecer as virtudes do debate aberto como verdade objetiva e ter a não conformidade à qualquer ideia majoritaria como trunfo.

4. Dito de outra forma, a questão central diz respeito aos meios, não aos fins. Muitas pessoas concordam com – ou pelo menos aceitam como legítimas – muitas das reclamações da Geração Z. O problema não é que os Wokes querem tolerância para trans, menos desigualdade econômica, justiça racial, mais ação sobre mudanças climáticas, etc, mas sim sua relutância em debater essas questões e suas tentativas de intimidar e deslegitimar qualquer dissidência, mesmo em questões de detalhe. Eles estão atacando os valores do Iluminismo, que conduziram a vida ocidental por duzentos anos. Em particular, eles estão tentando destruir a primazia do livre debate como caminho para boas decisões.

5. Esta não é apenas uma batalha de ideias em si. Alimenta-se de uma série de fatores estruturais também. O impacto da política de identidade, mídia social, negacionismo, polarização, bolhas culturais/ideológicas, etc, tem sido amplamente discutido. Eles fornecem o solo fértil sem o qual as sementes dos radicalismos progressista e conservador teriam murchado e não florescido. A sociedade ocidental precisa ajustar suas estruturas legais, políticas e tecnológicas.

6. O que mais beneficiaria o debate informado é a regulamentação das mídias sociais. Para além do impacto psicológico nos adolescentes, o próprio “status quo” dessas estruturas é inaceitável. Algoritmos que deliberadamente empurram indivíduos para cantos ideologicamente extremos da internet podem beneficiar os donos da redes sociais por meio do aumento do “engajamento” enfurecido e, portanto, da lucratividade, mas o impacto que isso tem na sociedade é muito pernicioso. Precisamos aceitar que a praça pública precisa de regras pactuadas e transparentes.

7. A maioria das pessoas responde com mais força a histórias do que a conceitos abstratos. Além de focar em exemplos individuais, como sucesso das mulheres trans em esportes femininos, etc., certas grandes contranarrativas históricas precisam ser desenvolvidas e impulsionadas, por exemplo as que descrevem como o “sistema ocidental”, o conjunto de instituições e valores que resgatou bilhões da pobreza e da tirania, pode ser implantado de forma benéfica em qualquer lugar – e poderia facilmente ter surgido no Oriente Médio ou na China como na Europa.

8. Pessoalmente, acredito que a situação econômica da Geração Z é um fator muito mais importante para explicar sua radicalização do que geralmente é aceito. Se suas perspectivas individuais fossem menos desanimadoras, suspeito que eles ficariam mais calmos em uma ampla gama de tópicos. Como conseguir isso é outra área de debate.

9. O ponto geral é que precisamos reafirmar os valores centrais do Iluminismo, mas também desenvolver novas ideias sobre como aplicá-los, dada a sociedade e a tecnologia atuais. É insuficiente defender a “liberdade de expressão”; também precisamos estabelecer novas regras sobre como certos discursos são privilegiados e outros discursos são desenfatizados na praça pública. A maioria concordaria que a censura a certos temas durante a Covid foi exagerada, mas exagerados também são os algoritmos que exacerbam a polarização e o extremismo.

10. Impulsionar uma agenda positiva é importante, mas importante também, a meu ver, é uma crítica implacável da teoria e prática do movimento progressista radical. Precisamos criticar a mentalidade que vê tudo como uma luta de poder entre categorias privilegiadas e as marginalizadas — infinitamente redefinidas.

Outros enfatizariam pontos diferentes. Um debate contínuo – em um espírito construtivo e amigável – sem dúvida levaria a conclusões mais ricas do que aquelas produzidas por qualquer indivíduo.

Stable Diffusion: Variações Sobre um Leão

Uma postagem visual para suavizar o mais vital de todos os fins de semana da história brasileira. Minha exploração da arte digital baseada em Difusão Latente continua.

Meu pequeno logotipo é uma linda obra de arte, que chegou às minhas mãos na adolescência e que tenho até hoje. É uma charge de jornal – estrangeiro – do início do século 19, cujo o autor eu ainda não identifiquei, mas sigo procurando.

A arte, sobre a qual ainda falarei mais, mostra um leão exibindo seu perfil direito, em atitude heráldica “couchant”, habilidosamente inscrito no contorno da América do Sul. Um autêntico achado geométrico. É uma imagem evocativa de um Brasil grande e forte, estendendo seu olhar sobre o Atlântico sul.

É uma imagem que resume as aspirações da nação quando eu era jovem. É também uma imagem austera, que se pretende heráldica ao invés de fruto de design; vai contra o pós modernismo vigente, mas aqui no blog essa é exatamente a ideia.

Este blog existe por causa desta imagem; foi olhando para ela em pensamento profundo que me inspirei. “A voz do leão”, para tentar falar de tecnologia e ciência para a lusofonia, com um ‘modicum’ de profundidade – sem dar muita bola para o estilo superficial preferido nas redes sociais — como as pessoas fazem nos centros avançados do mundo. O Brasil é o Leão.

Eu quis fazer variações para poder usar a imagem em outros contextos que exijam um ‘look’ mais contemporâneo — com resultados medianamente animadores. Lancei mão da Stable Diffusion e, abusando da engenharia de prompt, passei algumas horas agradáveis tentando fazer arte. Aproveitei para usar o gadget ‘galeria de slides’ do WordPress pela primeira vez.


Não sei se verei esse Brasil grande, que faz tecnologia, que lança foguetes e satélites e junta à elite material do mundo. Se depender da classe política que aí está eu duvido muito que cheguemos lá. Foi sob a batuta do Ministro da Tecnologia, um aviador e astronauta formado por um instituto de tecnologia, que eu testemunhei o maior [talvez o único] desmonte deliberado de políticas tecnológicas do estado brasileiro em toda história [a começar do programa espacial, que se encontra desativado desde 2003].

Que o Brasil possa se reencontrar a partir das eleições de amanhã. Boa sorte a todos.

Stable Confusion: Algo Sobre o Photoshop

Quando você cria algo no Photoshop é provável que você nunca tenha pensado muito sobre a origem das cores digitais que você usa. Igualmente, talvez você nunca tenha se perguntado se alguém pode “possuir” uma determinada cor.

pantone
Imagem: Pexels.com

Mas muitos usuários logo vão começar a dar atenção a essas coisas, pois suas coleções de arquivos PSD está prestes a ficar cheias de tons de cinza esquisitos, devido a mudanças de licenciamento entre a Adobe e a Pantone.

A partir de agora, aplicativos populares da Adobe, como Photoshop, Illustrator e InDesign, não vão mais suportar gratuitamente as cores da Pantone, e aqueles usuários que precisam que essas cores apareçam em seus arquivos já salvos precisarão pagar por uma licença separada. Bem vindo ao mundo do software proprietário.

A remoção das cores da Pantone do software da Adobe deveria ter acontecido em 31 de março deste ano, mas essa data chegou, passou e nada aconteceu. A data foi mudada para 16 de agosto, e depois 31 de agosto. No entanto, apenas agora as pessoas estão percebendo os efeitos da decisão, relatando problemas com criações que usam as cores exatas da Pantone. A solução oferecidoa é um plug-in da Adobe para “minimizar a interrupção do fluxo de trabalho e fornecer as bibliotecas atualizadas aos usuários da Adobe Creative Cloud”. O que, é claro, custa US$ 15 por mês. É como a Netflix, só que para colorir!

No entanto, a Pantone ainda afirma – em seu FAQ desatualizado – que “Esta atualização terá um impacto mínimo no fluxo de trabalho do designer. Arquivos e documentos da Creative Cloud contendo referências de cores Pantone manterão as identidades e informações de cores”. Muitos usuários relatam que seu Photoshop agora informa: “Este arquivo tem cores Pantone que foram removidas e substituídas por preto devido a alterações no licenciamento da Pantone com a Adobe”. Outros relataram que o problema não está sendo resolvido mesmo anexando uma licença Pantone no Photoshop.”

Uma dica sugerida pela Print Week é fazer backup de suas bibliotecas Pantone e reimportá-las quando o software Adobe atualizar para removê-las. “Há uma boa chance de que isso funcione, já que as cores do Pantone são armazenadas como arquivos .ACB, assim como todas as cores do Photoshop.”

“Ou, sabe como é, você pode simplesmente copiar os valores de metadados do intervalo Pantone.”