O “engajamento” nas redes sociais

Há algo sobre as mídias sociais que os seres humanos não são psicologicamente preparados para lidar. Elas são uma abstração perversa e não natural da comunidade social humana a que nosso cérebro não reage bem. Como um fac-simile da genuína humanidade, ela nos mergulha em algo parecido com uma sala de espelhos, o “uncanny valley” para interações sociais. Pode ser, por tudo o que sabemos, que a principal razão pela qual alguém posta na mídia social seja a raiva. Se um estudo adequado fosse feito, é possivel que ele revelasse exatamente isso.

Quarentenas e lockdowns forçam as pessoas a ficar dentro de casa mergulhadas nas mídias sociais. De repente, todo mundo está no hábito diário de um solipsismo insalubre e irracional. Contudo, sabemos que os seres humanos, em algum nível fundamental como criaturas sociais, precisam interagir na comunidade cara-a-cara,

Quando o Facebook diz que quer “tornar o mundo mais aberto e conectado”, ele quer, na verdade, se tornar O MEIO para toda a interação interpessoal. Ao olhar para trás a esta era, o ser humano futuro talvez dirá: “Como eles podiam ficar na frente de uma tela o dia todo? Eles não sabiam o que isso estava fazendo com eles?”

Como um desenvolvedor de interface do usuário por profissão, eu posso identificar precisamente as obscuras tríades das escolhas de design de interface do usuário que viciou as pessoas à mídia social.

A rolagem infinita, o arquétipo dos esquemas de “engajamento” usado por quase todas as redes sociais, é problemática porque faz os usuários ficarem conectados por mais tempo. O resultado é que os usuários se mantêm ligado em seu feed, sem pensar, por um período de tempo muito mais longo do que ficavam anos atrás , o que aumenta o lucro para a empresa que executa o aplicativo. O usuário não tem ideia de que esses conteúdos são projetados para gerar padrões de uso viciantes para melhorar os lucros da Big Tech,

Entres as coisas mais dramáticas estão os “pontos acumulados” nos mais diversos sites. No Reddit, isso é chamado de karma. No Twitter, são os likes e retweets. Essa pontuação numérica simples exibe a atitude geral da comunidade em relação a um determinado conteúdo. À primeira vista, isso parece ser um conceito radicalmente democrático; todo mundo pode votar! A realidade, porém, é muito diferente. Reddit, por exemplo, sempre obfuscou a verdadeira pontuação do karma (“para evitar a brigadização de votos”). Além disso, a posição de um pedaço de conteúdo dentro do seu feed pode ser intencionalmente decidida pelo Home Office, não pela Comunidade (algoritmo). Isso é incrivelmente sinistro, embora não pareça aos olhos não-treinados

A parte mais bizarra da mídia social é o vício químico. Quando você clica em um ícone para mostrar sua apreciação ou reação a um conteúdo, você recebe um “shot” de dopamina. Isso adiciona valor à interação, e faz com que o usuário se sinta bem. Isso traz, literalmente, um componente quimicamente viciante à mídia social.

O Reddit criou um algoritmo que tece a comunidade de tal modo que parece ser democrático em seu funcionamento geral, mas na verdade é realmente especificamente curado para um conjunto determinado de fins políticos e sociais. Ele promove um sentimento de exclusão a qualquer um que se atreva a discordar do que “todos” já acreditam.

O grande fantasma assombrando o século XXI não será um tipo de “-ismo”. Será a grande besta da Tecnocracia Global, e o Big Brother não será exatamente um governo. Pelo contrário, os ministérios da verdade, paz, amor e abundância serão entidades privadas (ou negociadas publicamente).

Desta forma, nenhuma constituição, ou Magna Carta, ou qualquer outro documento fundamental destinado a manter a tirania do governo à distância, será capaz de operar como pretendido. Não será “o governo privando-nos de nossos direitos”. Serão empresas privadas com seus próprios termos de serviço. Até agora, podemos viver sem Twitter ou Reddit ou Facebook se realmente quisermos. Em breve, provavelmente não seremos capazes de desativar a ditadura tecnocrática a que todos estamos sujeitos.

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